«All that is necessary for the triumph of evil is that good men do nothing» (Edmund Burke)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A Crise, o Futuro e os Parvos





«Sou da geração sem remuneração
E não me incomoda esta condição
Que parva que eu sou
Porque isto está mal e vai continuar
Já é uma sorte eu poder estagiar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar»

Esta música dos Deolinda está a ser adoptada como hino por toda uma geração de jovens licenciados condenados a uma vida de precariedade, insegurança e sonhos adiados. E não sem razão: os jovens portugueses têm cada vez mais dificuldade em entrar no mercado de trabalho e em conquistarem a sua independência.

Mas a que se deve esta dificuldade? À primeira vista, será ao facto de existir uma geração mais velha que alegadamente goza de todas as regalias do emprego 'seguro', tornando impossível às empresas apostarem nos jovens. Porém, a verdadeira origem do problema encontra-se a um patamar mais profundo e abrangente, consistindo no facto de a economia portuguesa não crescer o suficiente para manter o nosso actual estilo de vida e responder às aspirações dos mais novos. Aliás, a maior parte dos problemas do Portugal contemporâneo, desde o défice das contas públicas à pobreza encapotada em que muitos vivem, vêm dessa dificuldade em fazer o PIB crescer. Todos os outros problemas se poderiam resolver, havendo vontade e competência, se a economia crescesse.

E como fazer a economia crescer? Eu só conheço uma maneira: desburocratizar, desestatizar e despartidarizar. A solução não passa por mais Estado, pelo compadrio institucional a empresas do 'regime' ou por facilitismos. Passa antes por uma redução do peso do Estado na economia, pela privatização da maior parte das empresas públicas, por uma reforma profunda da Justiça e pela devolução, aos cidadãos, do direito a controlarem as suas vidas em áreas como a Saúde e a Educação. Será também necessária uma revisão das reis laborais, com mais flexibilidade mas ao mesmo tempo maior segurança (por exemplo, porque não adoptar a recente sugestão de Fernando Ulrich no sentido de aumentar o salário mínimo para 700 euros e em contrapartida facilitar o despedimento?).

E a solução para sair do pântano implica também um esforço acrescido por parte de cada um de nós: muitos dos jovens que se deixam emocionar pela letra dos Deolinda são recém licenciados que nem uma percentagem sabem calcular.

1 comentário:

  1. No geral estou de acordo contigo. Força aí na caneta, abraço.
    Guilherme Soares (GS)

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