«All that is necessary for the triumph of evil is that good men do nothing» (Edmund Burke)

quarta-feira, 9 de março de 2011

Ideias soltas sobre um novo mundo

2011 já é um ano histórico. O primeiro trimestre ainda não acabou e temos um novo mapa político no mundo árabe que vai acabar por se estender a muitos outros países. Tunísia, Egipto, agora Líbia, são apenas exemplos do que vai continuar a acontecer. A luta pela democracia destes povos é o ponto mais positivo do ano, finalmente ditadores e ditaduras, apoiadas durante décadas pelos interesses ocidentais, começam a cair. No entanto, enquanto vão caindo, todo o mundo ocidental é impactado. Os primeiros efeitos fazem-se sentir no bolso dos consumidores, com o preço da gasolina a disparar. Mais tarde vai começar o receio generalizado de quem vai tomar o poder nestes países. Serão verdadeiras democracias ou, pelo contrário, vamos cair em novos regimes autoritários? E, caso seja este o cenário, estes vão ser amigos ou inimigos do ocidente?

Aqui, num país em crise, não temos muito tempo para estas preocupações geopolíticas. Apesar disso, Sócrates só pode estar chateado. Kadhafi, um amigo que montou tenda em S. Julião da Barra, é o culpado pelo disparar do preço de petróleo que, por sua vez, põe, uma vez mais, em risco os números da execução orçamental. Com o acréscimo da despesa, do povo e do Estado, aumento o descontentamento. O Estado, porque provavelmente vai ter de cortar mais, do povo, porque já não tem mais por onde cortar. Entretanto, é neste cenário, que toma posse o Presidente reeleito. O dia das televisões mostra o discurso duro, realista, de quem tem também responsabilidades no cartório mas as esquece. Cavaco incentivou os jovens a levantar a voz, a irem para a rua. Dia 12, sábado, muitos jovens estarão certamente na rua. Mas, Sr. Presidente, duvido que vão lá estar pelo seu incentivo, muitos, até, vão marcar presença por sua causa. É que também contribuiu para o estado a que o Estado chegou.

O mundo mudou muito nestes últimos meses e Portugal, com o seu habitual atraso, ameaça ir atrás. Os jovens, há muito desligados da política, começam a ganhar consciência do seu peso, de que a união, ainda que em desacordo sobre ideologias, faz a força. Não espero que a Avenida da Liberdade se transforme numa Praça Tahir, nem tal faria qualquer sentido, mas acredito que, finalmente, a chamada Geração à Rasca ganhe consciência de que para mudar as coisas é necessário ter um papel activo e interventivo.

Quem diz que quem espera sempre alcança é porque, provavelmente, nunca teve de trabalhar na vida…

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