«All that is necessary for the triumph of evil is that good men do nothing» (Edmund Burke)

quinta-feira, 10 de março de 2011

A moção faz-de-conta


O BE lançou uma moção de censura ao Governo. Faz-de-conta que queria derrubar Sócrates. Na verdade, Francisco Louçã, o mais experiente dos políticos portugueses em actividade, tinha dois objectivos. Primeiro, ultrapassar o PCP, que andava a avisar que estava a estudar uma moção. Segundo, dizer que quer derrubar Sócrates mas, ao mesmo tempo, mantê-lo no Governo. Loucã cumpriu tudo aquilo a que se propôs. No entanto, nem sempre a soma de um mais um dá dois e desta vez o BE pode descontar os ganhos e perder pontos como, aliás, as sondagens já revelam. Isto porque os portugueses estão fartos do jogo do faz-de-conta e perceberam a jogada. Se ele queria derrubar Sócrates, precisava do apoio do PSD, precisamente o único partido que pode tirar o poder ao engenheiro. Ora como o próprio BE fez questão de incluir o PSD nas críticas da moção e como os seus dirigentes cedo fizeram saber que seria ridículo um apoio social-democrática à mesma, o resultado só podia ser um: mais um dia de parlamento a brincar ao faz-de-conta.

Além disso, se Sócrates caísse e Passos Coelho assumisse o Governo, qual seria a vantagem para as metas a que se propõe o BE?

Entretanto, e neste jogo, o PSD e o CDS usaram da abstenção, perpetuando o faz-de-conta. É que só estes dois partidos estão interessados em derrubar Sócrates, pois só estes têm aspirações de chegar ao poder. No entanto, com esta jogada, dificilmente terão o apoio futuro da esquerda numa nova moção. É que BE e PCP desta vez votaram a favor, mas será muito complicado apoiar uma iniciativa similar do outro extremo da bancada.

Enquanto se brinca ao faz-de-conta, Sócrates passa entre os pingos da chuva. Ele, realmente, é único que ganha com o jogo das moções e que não esconde a verdade (pelo menos neste aspecto): O Engenheiro quer manter-se no poder…É que Sócrates sabe que no dia em que o abandonar dificilmente lá voltara. A não ser, é verdade, que enquanto os políticos brincam ao faz-de-conta, o tempo dê ao engenheiro mais tempo, para que ele tenha alguns números que precisa para também poder continuar a brincar ao faz-de-conta.

Sem comentários:

Enviar um comentário