«All that is necessary for the triumph of evil is that good men do nothing» (Edmund Burke)

domingo, 6 de março de 2011

Khadaffi e o regresso dos piratas

Em entrevista ao "Journal do Dimanche", Khadaffi afirmou que a se a Europa o deixar cair dentro em breve teremos piratas a atacar a 50 km das nossas costas. Por muito louco e excêntrico que seja, o velho facínora tem razão: se a Líbia se transformar numa nova Somália ou numa espécie de emirado 'jihadista', aumentará o risco de ataques terroristas em solo europeu ou mesmo de um regresso aos tempos dos piratas da Barbária (*).



Porém, a solução não passa por apoiar patifes como Khadaffi, que com estas declarações procura manipular as almas medrosas de muitos europeus. A solução passa antes por agir de forma rápida e decisiva no sentido de estabilizar a Líbia. O Ocidente tem o dever de ajudar os líbios a livrarem-se de Khadaffi - por exemplo, impondo uma zona de exclusão aérea - e de seguida contribuir para a estabilização do país, impedindo outras forças hostis de aproveitarem o vazio de poder.


A este respeito têm surgido, no entanto, alguns indícios preocupantes. Hoje foi noticiado que os rebeldes líbios prenderam oito agentes britânicos que tinham viajado para Benghazi com o objectivo de estabelecer contacto com os cabecilhas da oposição a Khadaffi. A prisão dos ingleses, que entretanto foram libertados, sugere que pelo menos parte dos rebeldes não vê com bons olhos a ajuda ocidental.

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(*) - Na década de 1830, a colonização do Norte de África pelas potências europeias foi em parte justificada pela necessidade de acabar com a pirataria, que era então protegida e alimentada pelos 'beys' de Argel, Tunes e Tripoli. E a primeira guerra que os Estados Unidos travaram em solo estrangeiro foi precisamente contra os piratas líbios, entre 1803 e 1805. Portugal também foi alvo destes piratas durante séculos: de Caminha a Vila Real de Santo António, ainda são visíveis os ex-votos colocados nas igrejas por pessoas raptadas por piratas do Norte de África, que assim agradeciam o resgate do cativeiro.

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